segunda-feira, maio 30, 2005

Stephen Malkmus

Se no mundo da musica existem grandes senhores certamente que Stephen Malkmus será um deles. Depois de ter atravessado a década de 90 como vocalista de uma das suas bandas mais importantes, os Pavement, Malkmus continuou uma carreira a solo que conheceu este ano o seu terceiro capítulo " Face the Truth". Carreira essa que como seria de esperar não seria tão brilhante, mas interessante na mesma.
Embora um pouco longe dos melhores trabalhos dos Pavement como "Slanted & Encanted", este album marca o regresso do autor ás raízes pelo menos na maneira descontrolada e rebelde com que ele interpreta as canções. Malkmus com uma carreira que já vai em 15 anos está a atingir uma maturidade cada vez maior, procurando um nível de sofisticação cada vez maior recheado de alguns experimentalismos sonoros colocados cuidadosamente aqui e ali. Não fossemos nós conhecer a sua longa carreira e diriamos que estaria aqui mais uma descendência directa de Sonic Youth.
Malkmus faz aqui um disco menos melódico que os seus dois antecessores, mais vibrante, parecendo mais "sujo" quando na realidade é criteriosamente elaborado. "Face the Truth" tem sintetizadores a fazer companhia ás guitarras, e liricamente nota-se um grande amadurecimento talvez por esperar pelo seu primeiro filho.
Destaque para a sonoridade pop de " Loud Cloud Crowd" ou para o brilhante solo de "No More Shoes".
Se por acaso ainda não conhecem a carreira dos Pavement ainda vão bem a tempo, pois os seus álbuns estão a ser de novo reeditados. No entanto, este é sem dúvida um album a ter bem em conta...

quinta-feira, maio 26, 2005

Spoon

Naturais de Austin no Texas, os Spoon são uma banda muito particular que praticam um indie rock tão cheio de personalidade que afasta qualquer oportunidade de chamá-los de imitadores.
Apesar de serem um dos mais importantes nomes no panorama indie norte-americano eles, felizmente, conseguiram manter-se longe do circuito mainstream. Em cada lançamento parecem afastar-se mais daquele rock "straight" que as pessoas estão habituadas a ouvir, e isso agrada-me pessoalmente.
Este é o seu quinto trabalho, lançado após um intervalo de quase 3 anos, desde "Kill The Moonlight" de 2002. As diferenças principais entre "Gimme Fiction" e os albuns anteriores é que este seja talvez um pouco mais lento que os outros. Mesmo assim existe algo de selvagem nos Spoon que os distancia de todas essas bandas que povoam todos esses movimentos de correntes alternativas. A guitarra aqui está longe de ser a protagonista, nota-se logo na primeira faixa "The Beast and Dragon, Adored", que é uma faixa quase toda levada por piano e bateria. Aliás piano e cordas são muito ouvidos em todo o álbum, a guitarra apenas está ali para que nos apercebemos que estamos a ouvir um album de rock. Destaques também para a melodia de " I Summon You" e o tenso crescendo de "They Never Got You ".
"Gimme Fiction" é um album bastante eclético e consistente, mas isso já seria de esperar de uma banda que já andou em tournée com Pavement ou Guided By Voices.

segunda-feira, maio 16, 2005

The Parkinsons

Os Parkinsons acabaram. Dois albuns, 1ep e uma compilação saída recentemente são o tempo de duração desta banda que se tornou, talvez, na banda portuguesa mais badalada de todos os tempos.
Terminada a carreira dos míticos Tédio Boys em 1998 cada um dos seus elementos tomaram rumos diferentes. Surgiram aqui algumas das melhores bandas portuguesas da actualidade como os Wray Gunn, Legendary Tiger Man ou Bunnyranch. Diferente foi o caminho seguido por Victor Torpedo (um dos ex-Tedio Boys) quando em 2000, juntamente com outros dois portugueses (Pedro Xau e Afonso Pinto) partiram para Londres sem nada, mas com uma grande vontade de vencer.
Começaram por dar uma série de concertos arrasadores, musicalmente centrados num punk-rock muito crú que fazia lembrar os Sex Pistols. Os Parkinsons tocavam como se não houvesse amanhã. Depois veio o disco, gravado num mínimo de tempo possível, e claro que a imprensa britânica não podia deixar passar isto em claro...
Ao mesmo tempo que na América cresciam uns The Strokes ou uns White Stripes os britânicos emolduravam os Parkinsons e colocavam-nos nas capas de revistas, como o NME, e chamavam-lhes mesmo a "next big thing".
Em Março de 2005, o núcleo duro da banda (Torpedo e Xau) anunciam o fim da banda devido a constantes mudanças no line-up. Depois do último concerto, no dia 6 de Maio, resta-nos agora uma compilação de nome "Down With The Old World" que já se encontra á venda nas lojas.
Para terminar, só nos apetece dizer: MISSÃO CUMPRIDA.

quinta-feira, maio 05, 2005

The Decemberists

"Picaresque" é o terceiro album da carreira desta banda de Portland. É sem dúvida o melhor e mais ambicioso disco da sua carreira, cheio de teatralidade, referencias históricas e um pézinho na Inglaterra como todos os discos deles, mas este disco vai mais além. As histórias são mais complexas e profundas, as canções mais grandiosas e emocionantes, a perfomance mais intensa e involvente... Conseguem a dificil façanha de soar absolutamente estranhos em alguns momentos e deliciosamente pop em outros.
O som da banda é absolutamente inqualificável, já lhes chamaram folk-fuzz-lo-fi-pop-barroco-sessentista com ecos de bandas como Neutral Milk Hotel ou até mesmo Belle and Sebastian.
No dicionário "picaresco" são os romances barrocos que descrevem realisticamente a vida de ladrões e vagabundos, contudo aqui existe ausência de uma personagem central mas em substituição o autor conta as histórias na primeira pessoa como se fosse o portagonista ou apenas um observador.
Toda a gente familiar com os The Decemberists conhece Colin Meloy, outrora ele fora membro de um grupo alternativo de musica country, agora ocupa várias funções nesta banda, além de vocalista ainda escreve as musicas, é guitarrista e também faz uma perninha no acordeão e no piano. Mas aqui neste album nota-se definitivamente que este não é apenas um album de autor, que existe a colaboração de todos os membros da banda e um adicionamento de muitos mais instrumentos musicais.
"Picaresque" é um album a ter e em atenção que nos leva a perguntar, até onde eles irão agora...

domingo, maio 01, 2005

Vitalic

A musica electrónica está cada vez mais na moda. Este ano tivemos já grandes exemplos, como os estreantes Lcd Soundsystem ou o último dos Chemical Brothers. O mais recente exemplo vem de França, um país que já tem grandes tradições e exelentes referências neste género, basta lembrar os nomes de Laurent Garnier, St. Germain, Daft Punk ou até mesmo de Air. Podem agora juntar mais um nome: Vitalic.
Vitalic é o pseudónimo utilizado por Pascal Arbez, de nacionalidade Ucraniana mas residente em França já há alguns anos onde tem lançado todo o seu trabalho. Conseguiu a fama mundial com um EP chamado "Poney EP", de onde saíram hits como "La Rock" ou "You Prefer Cocaine". Vitalic é hoje um dos grandes nomes da cena electrónica mundial e as suas produções agradam tanto os amantes do techno como também os que gostam de house e electro em geral.
Finalmente em 2005, chega-nos o grande album em nome próprio, reúne algum trabalho mais antigo do artista, que foi lançado ou em Ep´s ou em singles ao longo destes ultimos anos, assim como algum trabalho mais novo, como o exelente single "My Friend Dario".
"Ok Cowboy" é assim um album a não perder, e claro, tiro-lhe o chapéu.